"Todas as famílias felizes se parecem. Cada família infeliz é infeliz em seu próprio modo." Leo Tolstoy em Anna Karenina
Apesar de toda criança ser diferente, elas também são parecidas em algo muito importante. Para crescer, elas precisam de atenção emocional, validação e resposta vinda dos pais.
Saber que você precisa provar isso para seu filho dá uma grande vantagem na paternidade. Mas saber como prover é ainda melhor.
Pense na paternidade como um processo de ensino sobre como gerenciar suas emoções. Quanto melhor você lidar com as emoções do seu filho, melhor ele vai gerenciá-las durante a vida.
As três habilidades emocionais essenciais para a paternidade:
1. O pai precisa sentir uma conexão emocional com o filho.
2. O pai presta atenção à criança e vê ela como uma pessoa única e separada, em vez de uma extensão de si mesmo, uma posse ou um peso.
3. Ao usar a conexão emocional e ao prestar atenção, o pai consegue responder competentemente às necessidades da criança.
Apesar de parecerem simples, em conjunto são habilidades que providenciam uma poderosa ferramenta no ajudar a criança a aprender sobre e como gerenciar sua própria natureza, criando um laço emocional seguro e forte que carrega a criança pela infância até se tornar adulta para que ela possa encarar o mundo com saúde emocional e felicidade.
Resumidamente, quando pais se importam com a natureza emocional única da criança, eles criam adultos bem desenvolvidos emocionalmente. Alguns pais conseguem fazer isso de forma intuitiva, mas outros podem aprender essas habilidades. De qualquer forma, a criança vai aprender.
Gabriel
Gabriel é um aluno da terceira série bem precoce e hiperativo, o mais novo de três irmãos e um ambiente familiar descolado e amável. Ele está na sala. Há pouco ele recebeu uma advertência do colégio por responder ao professor, nela dizia "Gabriel foi desrespeitoso".
A mãe dele senta com ele na sala e pergunta o que houve. Ele explica de forma exacerbada que, durante o recreio, brincava com um lápis apontado para cima e a professora disse que ele não deveria fazer isso pois poderia se machucar. Gabriel chegou o lápis bem perto do olho enquanto dizia "para me machucar isso devia acontecer", colocando o lápis próximo do olho e reafirmando "eu precisaria ser muito burro."
Antes de descrever a resposta da mãe de Gabriel, pensamentos, o que Gabriel precisava ouvir de um adulto nesse caso? Ele está chateado pelo incidente com seu professor, que ele normalmente gosta, então ele precisa de empatia. Por outro lado, ele também precisa aprender o que os professores esperam dele a fim de que tenha sucesso na escola. Finalmente, ajudaria se a mãe notasse (atenção emocional) que ultimamente ele estava sensível por ser demasiadamente "tratado como bebê" devido a seus irmãos mais velhos deixaram ele de lado pela idade. A mãe de Gabriel precisa das três habilidades: conexão, atenção e resposta.
Eis como foi a conversão:
Mãe: Seu professor não sabia que você ficaria chateado por ele pensar que você podia ser burro e enfiar o lápis no olhos. Mas quando professores pedem que você pare de fazer algo, você precisa parar, é seu trabalho.
Gabriel: Eu sei, eu tentei falar isso pra ela mas ela não ouviu!
Mãe: Sim, eu sei o quanto você fica chateado quando não te deixam falar. Mas seu professor não sabe sobre o que você precisa lidar com seus irmãos ultimamente.
Gabriel relaxa um pouco: É, e ela tirou meu lápis!
Mãe: Deve ter sido difícil para você, mas veja, seu professor precisa lidar com muita gente e ele não tem tempo de conversar como nós estamos fazendo agora. É importante que quando um adulto peça que você faça algo, no colégio, que você faça corretamente. Você vai tentar agir corretamente sem responder?
Gabriel: Sim, mãe.
Mãe: Bom, se você fizer diminui suas chances de entrar em problemas. E você pode vir para casa e reclamar para nós se acha que é injusto, isso está certo. Mas como estudante, você precisa respeitar e cooperar com seu professor.
Esse estilo de resposta do adulto para com a criança providência exemplos de saúde e afinidade emocional que leva a geração de um adulto saudável e feliz emocionalmente.
O que exatamente ela fez?
1. Ela se conectou com a criança ao pedir que ele explicasse o que aconteceu antes dela reagir.
2. Ela ouviu com atenção. Quando ela falou, ela providenciou uma explicação simples e clara para uma criança entender, mostrando sintonia com a forma de comunicação necessária para a sua idade cognitiva.
3. Ela segue a explicação da regra mostrando que entende o que ele sente, usando empatia. Ao ouvir a mãe nomear emoções, a criança aprende que é capaz de expressá-las.
4. Ela dá ênfase aos nomes, repetindo, mostrando claramente o quanto é necessário desvelar as sensações, fazendo com que a criança entenda o que ela sentiu.
5. Ela demonstra que entende e sente o filho ao falar que percebe seu comportamento diferente, especialmente de uma figura mais distante socialmente como o professor, e mostra que estará lá para ouvir ele quando as coisas complicarem, mas que ele ainda deve sentir respeito.
6. Ela responsabiliza o filho por seu comportamento, configurando no futuro um tipo de comportamento diferente do que ele apresentou.
Em uma conversa que parece simples, a mãe evitou o sentimento de humilhação e vergonha por um erro comum, nomeou sentimentos, criou uma lição emocional e permitiu que Gabriel, o filho, saiba gerenciar suas atitudes no futuro. Ela deu suporte emocional, mostrou uma regra social e pediu responsabilidade ao segui-la. Também mostrou que, caso aconteça novamente, ela vai ajudar e ajustar sua mensagem as dificuldades.
Um dos maiores desafios para pais nessa área vem de sua própria falta de habilidades no gerenciar suas próprias emoções. É difícil entregar à sua criança o que você mesmo não tem.
Se isso se parece com você, não tema. Não é sua culpa. Provavelmente seus pais não ensinaram as habilidades pois eles também não possuíam. Mas o melhor: você pode aprender!
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